martes, 21 de julio de 2009

Brasil ácidos graxos do leite materno

Importância dos ácidos graxos essenciais e os efeitos dos ácidos graxos trans do leite materno para o desenvolvimento fetal e neonatal

The importance of essential fatty acids and the effect of trans fatty acids in human milk on fetal and neonatal development


Sandra Manzato Barboza TinocoI; Rosely SichieriII; Anibal Sanchez MouraI; Flávia da Silva SantosIII; Maria das Graças Tavares do CarmoIII
IDepartamento de Ciências Fisiológicas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil IIInstituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil IIICentro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X2007000300011&script=sci_arttext&tlng=pt

RESUMO
A prática da amamentação tem grande impacto do ponto de vista da saúde pública, pois o leite materno é o melhor alimento a ser oferecido até o sexto mês de vida da criança. A fração lipídica do leite representa a maior fonte de energia para crianças e fornece nutrientes essenciais, tais como vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos poliinsaturados (AGPI). Os ácidos graxos essenciais (AGE) linoléico (LA, 18:2n-6) e a-linolênico (ALA, 18:3n-3) são precursores dos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (AGPI-CL), incluindo os ácidos docosahexaenóico (DHA) e araquidônico (ARA). A qualidade dos lipídios no leite secretado está diretamente relacionada com a ingestão materna. Os AGPI-CL são importantes na proteção contra alergia e infecções, no processo visual e no desenvolvimento cognitivo na infância. O processamento industrial de alimentos introduziu os ácidos graxos trans (AGT) entre os nutrientes disponíveis à população. Os AGT podem interferir no metabolismo dos AGE, diminuindo a síntese de DHA e ARA. Portanto, nos parece relevante esclarecer a população sobre a importância de um aporte adequado de AGPI e reduzido de AGT durante o período de desenvolvimento pré e pós-natal.
Ácidos Graxos Essenciais; Ácidos Graxos Trans; Leite Humano; Desenvolvimento Fetal

A importância dos ácidos graxos no leite materno
Nas últimas décadas, especial atenção tem sido dada à composição e aos aspectos fisiológicos da fração lipídica do leite humano 1,2. A média do conteúdo de gordura no leite materno é de 3,8g/100ml, porém este valor varia amplamente. O lipídio está presente no leite materno na forma de glóbulos de gordura, os quais são sintetizados pelas células alveolares mamárias. Esta síntese é estimulada pelo esvaziamento do seio materno durante a amamentação, e a secreção de prolactina no lóbulo anterior da glândula pituitária 3.
A fração lipídica do leite materno representa a maior fonte de energia para crianças amamentadas, contribuindo com 40 a 55% do total de energia ingerida, e provê nutrientes essenciais tais como vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), incluindo ácido linoléico da série n-6 (LA, 18:2n-6) e a-linolênico da série n-3 (ALA, 18:3n-3) 4.
Os ácidos graxos que compõem os lipídios do leite são em grande número e pertencentes a dois grupos: o dos ácidos graxos saturados (sem ligações duplas) e o dos ácidos graxos insaturados (com uma ou mais ligações duplas) 5. Os ácidos graxos de cadeia curta, de cadeia média e de cadeia longa saturados e monoinsaturados podem ser sintetizados no organismo, porém os AGPI, notadamente o linoléico e a-linolênico, por não serem sintetizados pelo organismo constituem-se em ácidos graxos essenciais (AGE) 6. Tais ácidos são elementos estruturais necessários à síntese de lipídios de tecidos, e têm um papel importante na regulação de vários processos metabólicos, de transporte e excreção. A carência de AGE na alimentação dos mamíferos (especialmente do homem) conduz a alterações no crescimento, na pele, imunológicas, neurológicas, e sérios transtornos comportamentais 6.
A qualidade dos lipídios da dieta materna tem influência direta no perfil de ácidos graxos do leite secretado 7. Uma dieta rica em carboidratos irá favorecer a síntese endógena dos ácidos graxos de cadeia curta e média e uma dieta rica em ácidos graxos poliinsaturados vai determinar maiores níveis destes no leite secretado 8.
Por outro lado, crianças que recebem leite contendo baixo teor de lipídios tendem a mamar mais freqüentemente e por maiores períodos de tempo, causando um aumento no volume do leite. Há também uma correlação positiva entre o ganho de peso durante a gestação e o conteúdo de lipídios do leite 9. Dessa forma, a relação entre a ingestão dietética materna de lipídios, a composição corporal adiposa materna e a concentração de lipídios no leite é de crucial importância na nutrição infantil durante o aleitamento.

A importância dos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa para o crescimento e o desenvolvimento
Os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (AGPI-CL) no leite materno podem originar-se da ingestão dietética materna, dos estoques maternos e da síntese endógena a partir de seus precursores com 18 carbonos, no fígado, glândula mamária e outros tecidos 1.
A dieta materna influencia o conteúdo no leite dos ácidos eicosapentaenóico (EPA, 20:5n-3), docosahexaenóico (DHA, 22:6n-3) e araquidônico (ARA, 20:4n-6), que pode aumentar pelo consumo de peixe, leite, carne e ovos 1,10.
Os AGPI-CL de origem dietética são absorvidos, reesterificados em triacilgliceróis, entram na circulação na forma de quilomicrons, e são rapidamente transferidos para a glândula mamária pela ação da lipase lipoprotéica, sendo em seguida transferidos para o leite materno. Os triacilgliceróis hepáticos também são transportados (como VLDL) do fígado para a glândula mamária e liberados deste tecido por ação da lipase lipoprotéica 1. Durante a lactação, a atividade da lipase lipoprotéica diminui no tecido adiposo e aumenta no tecido mamário, indicando um aumento da captação de ácidos graxos para este tecido 8.
Devido à intensa lipólise que ocorre durante a lactação, os AGPI dos triacilgliceróis armazenados no tecido adiposo são liberados e podem ser transportados na circulação como ácidos graxos não esterificados ligados à albumina, podendo ser direcionados para a célula alveolar mamária 1.
Vários estudos têm demonstrado que o DHA do fosfolipídio do plasma materno é significativamente e positivamente correlacionado com a ingestão de DHA 11, e com a quantidade de DHA no leite materno 12. Altas quantidades de DHA no leite materno proporcionam altas quantidades de DHA no plasma e nos eritrócitos de crianças amamentadas no seio 12,13.
Embora a dieta materna represente um papel importante como fonte de ácidos graxos para o leite, os resultados dos estudos com isótopos estáveis demonstram que a proporção de AGPI no leite não tem como principal origem a dieta materna 1,14,15.
Koletzko et al. 1 estudaram seis mulheres lactantes que receberam três vezes uma dose oral de 1mg/kg de peso corporal de LA na 2ª, 6ª e 12ª semanas de lactação, respectivamente. Nesse estudo, eles observaram que 30% do total de LA no leite foram transferidos diretamente da dieta e 70% dos depósitos maternos.
Demmelmari et al. 14 observaram que de 3 a 25% e até cerca 3% dos conteúdos de 20:3 n-6 e 20:4 n-6 no leite, respectivamente, foram provenientes do 18:2 n-6 ingerido. Esses resultados demonstram que a contribuição dos ácidos graxos essenciais para a secreção de AGPI-CL para o leite é pequena, e que os estoques corporais maternos contribuem significativamente para a produção dos lipídios no leite humano. Dessa forma, isso poderia indicar que o hábito dietético da mulher, por influenciar na composição dos estoques corporais, pode ser um marcador relevante para a composição de gordura do leite. Os AGPI-CL podem também ser originados a partir da metabolização dos ácidos graxos essenciais: ácido linoléico (LA, 18:2n-6) e ácido a-linolênico (ALA, 18:3n-3), os quais são precursores dos AGPI-CL com 20 e 22 átomos de carbono, incluindo os ácidos araquidônico (ARA, 20:4n-6), docosahexaenóico (DHA, 22:6n-3) e eicosapentaenóico (EPA, 20:5n-3) 1,2. Os ácidos ARA e DHA são formados na maioria dos tecidos do organismo por uma série de reações alternadas de dessaturação (adição de duplas ligações) e alongação (adição de duas unidades de carbono) 1 (Figura 1). Os ácidos LA e ALA não podem ser sintetizados nas células mamárias pela ausência das enzimas D12 e 15, necessárias para a inserção da dupla ligação na posição n-6 ou n-3 da cadeia de carbono do ácido graxo, sendo, portanto, considerados nutrientes dietéticos essenciais 4 (Figura 1). Antes do nascimento, todos os ácidos graxos n-6 e n-3 acumulados pelo feto provêm da circulação materna através da transferência placentária, e depois do nascimento originam-se do leite materno quando a amamentação materna for exclusiva 4,16. Essa dependência é demonstrada por estudos que indicam forte correlação positiva materno-fetal para todos os ácidos graxos essenciais e seus AGPI-CL 4,17,18.A habilidade da placenta em extrair esses ácidos graxos da circulação materna e transferi-los para o feto é de crucial importância 10. Esses ácidos graxos para serem transportados através da membrana dos microvilos do sinciciotrofoblasto da placenta, necessitam estar na forma não esterificada (ácidos graxos não esterificados – AGNE) 19. Na circulação materna, os AGNE podem ser provenientes da hidrólise dos triacilgliceróis das lipoproteínas pela lipase lipoprotéica placentária, e/ou a partir dos ácidos graxos originados da hidrólise dos triacilgliceróis pela lipase hormônio sensível do tecido adiposo materno 20. Através desse mecanismo, os ácidos graxos são transferidos para o compartimento fetal resultando no enriquecimento de determinados ácidos graxos na circulação fetal que irá depender em grande parte da composição dos ácidos graxos existentes na circulação materna 20.
De fato, as concentrações de DHA e ARA são maiores no feto que nos fosfolipídios do plasma materno, enquanto seus precursores (LA e ALA) possuem concentrações mais baixas 4,21. O fato da transferência placentária ser seletivamente maior para o ARA e DHA do que para outros AGPI, determina concentrações sangüíneas fetais mais elevadas desses AGPI-CL por várias semanas após o nascimento da criança 22. Isso é importante devido ao efeito positivo que esses ácidos graxos representam no crescimento fetal, principalmente para crianças nascidas prematuras, e no desenvolvimento do sistema nervoso central 10,16,21.
Os lipídios do cérebro são ricos em AGPI-CL n-3 e n-6, e estes desempenham papel fundamental no crescimento neuronal, transdução de sinais e excitabilidade das membranas neurais, e na expressão de genes que regulam a diferenciação celular e o crescimento 23. De fato, o DHA além de exercer efeito positivo no crescimento infantil, é o AGPI com maior presença nos segmentos da retina (cones e bastonetes) 4. Aproximadamente 10% do peso do cérebro e 50% do peso seco são formados por lipídio, sendo metade fosfolipídio. Os fosfolipídios da massa cinzenta do cérebro contêm grandes proporções de DHA e ARA 4. Altas concentrações de DHA na retina, e de DHA e ARA na massa cinzenta do cérebro sugerem que estes ácidos graxos têm importante função no processo visual e neural 4,13,24.
Portanto, a ingestão dietética adequada desses AGPI-CL ou de seus precursores durante o período perinatal é essencial para o crescimento fetal e neonatal, para o desenvolvimento e para as funções neurológica, comportamental e de aprendizagem 16. Além disso, a nutrição intra-uterina pode influenciar no risco do desenvolvimento de doenças crônicas na fase adulta 25, sugerindo que o padrão de nutrição no início da vida pode "marcar" (metabolic imprinting) o indivíduo, conduzindo, portanto, a uma "programação" metabólica. Isso enfatiza a importância da adequação dietética de AGPI essenciais durante a gravidez, a lactação e a infância. A importância fisiológica dos ácidos graxos n-3 no desenvolvimento neural e visual da criança tem sido estudada intensamente nos últimos anos. Innis et al. 26, em estudo com registro de 83 crianças que receberam aleitamento materno exclusivo por pelo menos três meses, analisaram as células vermelhas do sangue e as concentrações de ácidos graxos no plasma nas crianças com dois meses de idade, a acuidade visual com 2, 4, 6 e 12 meses, desenvolvimento da linguagem com nove meses e índice de desenvolvimento mental e psicomotor com 6 e 12 meses. Eles relataram correlação positiva do DHA com medidas de acuidade visual e progressão no desenvolvimento da linguagem, que foi determinada pela habilidade da criança em distinguir sílabas de sua língua nativa de uma linguagem não familiar.
Estudos experimentais têm demonstrado que a depleção de DHA no desenvolvimento da retina e do cérebro resulta em diminuição da função visual com anormalidades no eletroretinograma, déficits de aprendizado e alterações no metabolismo de dopamina e serotonina 27. Outros estudos clínicos demonstram que o DHA aumenta a acuidade visual, a habilidade motora e o desenvolvimento da linguagem em crianças prematuras 13,28.
Recentemente, vários estudos experimentais têm revelado que a deficiência de ácidos graxos n-3 altera o metabolismo da dopamina e serotonina no cérebro de roedores 29. Particular interesse tem sido dado ao sistema dopaminérgico, devido à importante função da dopamina no desenvolvimento cognitivo no início da infância, como modulador de atenção e motivação, e em processos visuais 16,30.
Segundo Das 31, receptores de insulina nas células do cérebro têm função cognitiva, incluindo aprendizado e memória. Sugere-se que uma das funções dos AGPI-CL no cérebro pode ser a manutenção de um adequado número de receptores de insulina nas membranas celulares neuronais, conseqüentemente modulando a função cognitiva.
Já o ácido graxo araquidônico é essencial para o crescimento normal, e é criticamente importante por sua função de sinalização e divisão celular, e como precursor dos eicosanóides da série 2 e leucotrienos da série 3, que também desempenham função na transmissão sináptica 21.
A qualidade e a quantidade da ingestão de gordura na dieta materna, em especial a proporção entre o consumo dos AGPI n-3 e n-6, têm sido tema de discussão em relação à prevalência de atopia. Kankaanpaa et al. 32, investigando a possível influência entre dieta materna, desenvolvimento de atopias e AGPI no leite humano de mães alérgicas e não-alérgicas, concluíram que proporções elevadas de AGPI n-6 ou proporções reduzidas de AGPI regulatórios (ácido g-linolênico e AGPI n-3) podem ser um fator de risco para o desenvolvimento de doenças atópicas.
Na atualidade, sabe-se que dois subtipos de células, TH1 e TH2, participam na atividade global do sistema imunitário. As células TH1 são responsáveis pela imunidade celular e segregam citocinas pró-inflamatórias, tais como a interleucina (IL) 2, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) e o interferon-gama (IFN-g). Pelo contrário, as células TH2 produzem IL-4, IL-5, IL-10, IL-13, regulando as respostas imunitárias humorais, modulando a atividade das células TH1, e diminuindo a inflamação local 33.
Os AGPI n-3 e n-6 modulam a geração de células TH1 e TH2, a produção de suas citocinas e a proliferação de células, portanto podem servir como moléculas endógenas anti-inflamatórias 34. Os AGPI-CL presentes no leite materno, especialmente o EPA e o DHA, suprimem a síntese e a liberação de TNF-a , portanto podem servir como reguladores endógenos negativos de inflamação 35,36. Além disso, os AGPI-CL diminuem a expressão de proteínas Bcl-xL e Bcl-2, identificadas como antiapoptóticas, sugerindo que estes ácidos graxos têm habilidade de prevenir e suprimir doenças auto-imunes 33. Quantidades adequadas de AGPI-CL durante o período perinatal protegem contra atopias, asma, doenças auto-imunes, diabete mellitus dos tipos I e II, hipertensão, doenças cardíacas, síndrome metabólica X, linfomas, leucemia e outros tipos de câncer, esquizofrenia, depressão e outras doenças 4. Essa proteção é resultado da ação moduladora dos AGPI-CL na expressão de genes relacionados à resposta imune 33.
Portanto, a presença dos AGPI-CL no leite ajuda no desenvolvimento do sistema imune da criança, atuando na produção de células T 37. Isso é particularmente importante, já que a função do linfócito T é pouco desenvolvida no nascimento 38. Crianças que nasceram com algum grau de imaturidade imunológica passam a ser suscetíveis a infecções e a respostas dietéticas anormais (alergias) 39. A redução da habilidade da criança em responder à resposta proliferativa quando expostos a mitógenos (agentes ativantes) pode ser resultado de baixo número de células T CD45RO+ ou limitada habilidade em produzir citocinas, particularmente interleucina (IL)-4 e Il-10 38.
Todas essas evidências sugerem, portanto, que os AGPI-CL devem estar disponíveis em quantidades adequadas durante o período crítico de crescimento e desenvolvimento em vários tecidos e órgãos para prevenção de doenças na vida adulta. A quantidade de ácidos graxos poliinsaturados que cada lactente recebe por dia através do aleitamento varia conforme a dieta materna e o estágio da lactação. Gibson & Makrides 40 relatam valores de 200mg de ARA e <>Ácidos graxos trans e desenvolvimento infantil
Nos últimos anos, investigações sobre o efeito nutricional e biológico dos ácidos graxos trans (AGT) têm aumentado extensamente devido à importância dos lipídios no crescimento e no desenvolvimento infantil 41,42. Os AGT são ácidos graxos insaturados com pelo menos uma dupla ligação na configuração trans, ou seja, dois átomos de hidrogênio do carbono adjacente em direções opostas no ponto da dupla ligação (Figura 2).
Os AGT podem ser encontrados em alimentos como margarinas sólidas ou cremosas, massas, recheios de biscoitos, formulações de bases para sopas e cremes, coberturas para adesão de especiarias e açúcares, sorvetes, pães, batata frita, pastelarias, bolos, tortas e massas, entre outros alimentos industrializados 43. No Brasil são desconhecidos os teores de ácidos graxos trans nos alimentos industrializados, prejudicando a orientação em relação ao seu consumo. Em 1999, a Food and Drug Administration (FDA) 44 sugeriu que a quantidade de ácidos graxos trans fosse incluída nos rótulos de produtos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 45 já determinou a obrigatoriedade da declaração do conteúdo de ácidos graxos trans em rótulos de produtos industrializados a partir de julho de 2006.
Os estudos realizados sobre o transporte dos AGT através da placenta apresentam resultados contraditórios 46. As observações mais recentes indicam que esses ácidos graxos são transferidos da mãe para o feto 21,47,48.
No estudo de Elias & Innis 21 realizado com mulheres na 35ª semana de gestação, observou-se nos triacilgliceróis plasmáticos proporções médias de 4% de AGT nas mães e 2,9% de AGT nos recém-nascidos, sugerindo que de alguma forma a placenta apresenta algum grau de discriminação contra esses ácidos graxos. No entanto, a quantidade de AGT detectado nos fosfolipídios fetais foi correlacionada com os valores encontrados nos fosfolipídeos maternos, indicando portanto, que a dieta materna determina em grande parte a composição dos ácidos graxos nos fosfolipídeos fetais.
Em estudo recente de revisão, Orozco 49 relata que os AGT são transferidos da placenta ao feto e incorporados aos tecidos fetais, sendo esta incorporação relativamente baixa no cérebro. Estudos experimentais também observaram baixa incorporação de trans nos tecidos cerebrais 50. Esses resultados indicam que nesse período de rápido desenvolvimento, o cérebro é mais preservado que os outros órgãos com respeito à acumulação de trans.
Relato recente na literatura aponta que os AGT podem afetar o crescimento e o desenvolvimento de diferentes maneiras: (1) através da inibição das vias de dessaturação do LA e ALA para ARA e DHA, respectivamente; (2) metabolismo dos ácidos graxos trans monoenóicos (18:1 t) para ácidos graxos isoméricos não usuais de cadeia mais longa n-6 e n-3, os quais podem alterar as funções das membranas e as vias de síntese de eicosanóides; (3) baixa ingestão de AGE devido à destruição do LA e ALA durante a hidrogenação parcial dos óleos vegetais, acarretando nos alimentos industrializados, diminuição dos teores de ácidos graxos essenciais como LA e principalmente de ALA 51.
A hipótese de que dietas com AGT podem inibir a biossíntese de AGPI-CL com 20 e 22 átomos de carbono e, conseqüentemente, afetar o desenvolvimento infantil, é defendida por autores que demonstram correlação inversa dos AGT no plasma com ácidos graxos poliinsaturados n-3 e n-6 em crianças 21. Tecidos infantis incorporam AGT do leite materno, aumentando os níveis de ácido linoléico, e relativamente diminuem os níveis dos ácidos ARA e DHA; sugerindo efeito inibitório do AGT sobre a atividade das enzimas D-6 e D-5 ácido graxo dessaturases, prejudicando a alongação e o sistema de dessaturação dos ácidos graxos essenciais 52,53.
Sugere-se, ainda, que os trans afetam o crescimento intra-uterino por inibição da biossíntese dos AGPI-CL, sendo esta hipótese sustentada por estudos que demonstram que os AGT têm sido inversamente correlacionados com o peso no nascimento de crianças prematuras e bebês a termo 53,54,55. Além disso, o efeito dos trans sobre o retardo do crescimento se sustenta no importante efeito do DHA no processo de crescimento da criança, que é associado positivamente com o peso e a estatura no nascimento e com a circunferência do crânio 56. Pesquisas na Holanda indicam que a presença de AGT no cordão umbilical está associada com quantidades proporcionalmente menores de ácidos graxos essenciais, reduzido peso ao nascer e menor perímetro cefálico 57.
A conversão dos ácidos graxos essenciais a AGPI-CL pode ser especialmente difícil para fetos e bebês prematuros que dependem do suprimento materno destes ácidos, não apenas para o crescimento fetal como também para o desenvolvimento e a maturação do cérebro, a manutenção do sistema vascular e a síntese de eicosanóides 46,52,53.
Apesar de todos esses estudos, ainda não é conhecido se a exposição do AGT em etapas precoces da vida, ou seja, durante a infância, acarreta conseqüências negativas para a criança. Os poucos estudos existentes são ainda inconclusivos 46,47. O concenso atual é, portanto, moderar o consumo de AGT durante o desenvolvimento, devido a seus potenciais efeitos adversos 49,51.

Ácidos graxos trans no leite materno
Os trans maternos podem ser transferidos para a criança também através da amamentação. O conteúdo de AGT é variável no leite materno, refletindo a ingestão dietética materna 42,58. Depende principalmente do consumo recente de margarinas, gordura vegetal hidrogenada e produtos industrializados 42. Devido à preocupação sobre a exposição da criança aos AGT, diferentes países têm analisado as concentrações destes ácidos no leite materno.
Em geral, os AGT compreendem 2 a 5% do total de ácidos graxos do leite materno 46, porém amplas variações aparecem quando se analisam diferentes populações e diferentes hábitos dietéticos, variando de 7,2% no Canadá 59 a 1,9% na França 60.
Estudos experimentais confirmam uma relação dose-resposta direta entre a ingestão de AGT e a incorporação dos mesmos no leite materno, sendo transferidos para os filhotes por meio da lactação, vindo a aparecer no plasma e na aorta 58.
Chen et al. 59, em um estudo epidemiológico, encontraram correlação inversa entre AGT e os níveis de ácidos graxos essenciais no leite materno de mães canadenses, sugerindo que o aumento de AGT pode ocorrer à custa dos ácidos graxos essenciais, já que produtos dietéticos com grande quantidade de AGT usualmente contêm menos ácidos graxos essenciais.
Spear et al. 61 estudaram a composição de ácidos graxos no leite de uma mesma mulher durante aleitamentos consecutivos. A dieta materna e o ganho de peso (18 e 22,7kg, respectivamente) foram semelhantes durante a primeira e a segunda gravidez. A primeira criança nasceu com 5,2kg e recebeu aleitamento exclusivo até o terceiro mês de vida, e o segundo bebê nasceu um ano depois, com 4,3kg e recebeu leite materno exclusivo até o segundo mês de vida. A dieta materna não variou durante os dois períodos de lactação. Spear et al. 61 observaram pequenas mudanças durante a lactação. Esses autores concluíram que quando o mesmo padrão de dieta é consumido, observam-se pequenas variações na composição de ácidos graxos do leite em aleitamentos consecutivos.
Em estudo recente, avaliamos as variações e associações dos ácidos graxos do leite materno (AGE, AGPI-CL e AGT) com o crescimento de crianças prematuras 62. Os AGT foram encontrados em todas as amostras de leite materno, porém 77% apresentaram valores de trans inferiores a 3%. O conteúdo total de AGE e o total de AGPI n-6 foram inversamente correlacionados com os AGT, tanto no colostro quanto no leite maduro. Além disso, encontramos correlação positiva entre os níveis de ácido araquidônico (ARA, 20:4n-6) no leite maduro e a estatura das crianças (r = 0,32, p = 0,05).
Pelo que foi exposto acima, pode-se perceber que o consumo materno de ácidos graxos trans é um fator de interferência no estado nutricional no tocante aos ácidos graxos essenciais e AGPI-CL. Conseqüentemente, o teor de ácidos graxos n-3 e n-6 na criança no nascimento é um importante determinante nas concentrações de ARA e DHA no organismo do neonato, e a exposição aos AGT derivados da dieta materna pode ser um fator que interfere no crescimento e no desenvolvimento da criança 21.
Conclui-se, portanto, que a qualidade dos lipídios dietéticos ofertados através do leite materno durante os primeiros meses de vida, período criticamente importante, pode ser determinante no crescimento e no desenvolvimento infantil, assim como na resposta imunológica da criança contra agentes infecciosos e na prevenção de doenças na vida adulta. Dessa forma, recomenda-se que a dieta da mulher gestante e lactante contenha suficientes quantidades de AGPI essenciais e seus metabólitos de cadeia mais longa, para atender tanto os requerimentos maternos quanto os fetais e do neonato. Se a ingestão dos AGPI essenciais é insuficiente para atender aos requerimentos fisiológicos, os estoques corporais podem ser utilizados como um suprimento adicional. Considerando que o início do desenvolvimento pós-natal é a fase onde o crescimento celular encontra-se mais ativo, maior atenção deve ser dada ao consumo de AGT durante a lactação, devido aos seus efeitos negativos no metabolismo dos ácidos graxos essenciais.

Colaboradores
S. M. B. Tinoco participou de todos os estágios da confecção deste artigo, desde a revisão da literatura até a redação e a revisão final do original. R. Sichieri e A. S. Moura colaboraram na concepção e na leitura do original. F. S. Santos participou na revisão da literatura e na redação do original. M. G. T. Carmo contribuiu na concepção, na redação e na revisão do original.

Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e à Fundação Universitária José Bonifácio.

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Correspondência M. G. T. Carmo Instituto de Nutrição Josué de Castro, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro Av. Brigadeiro Trompowski s/n, Bloco J, 2º andar Rio de Janeiro, RJ 21941-590 , Brasil tcarmo@editema.com.br
Recebido em 17/Out/2005 Versão final reapresentada em 03/Jul/2006 Aprovado em 20/Out/2006